Depoimento escrito por Leandro Tridapalli para a peça Una Chica Almodóvar
NÃO SE DECLARA POBREZA
Ai vida de sítio! Moro com os meus pais, somos POBRES! Nunca confessamos isso, já fomos melhores na vida, mas agora no momento somos pobre e ponto. È claro que não gosto de ficar declarando minha necessidade absoluta por um saco de feijão, e fazendo o nordestino esfomeado do interior do Piauí.
Ser humilde é algo Masoquista. Uma mistura de exotismo com folclore.
Moro em uma casa que para artistas que enxergam a vida com poesia e não tem os pés na merda, conseguirão ver no casebre uma choupana romântica ideal para dois dias de inverno a dois. Agora para quem mora é UM PESADELO, um atentado a saúde pública, um constrangimento absoluto. Portanto, não gosto de receber visitas, pois vejo o meu mundo desmoronar, principalmente quando são meus amigos.
Podem chamar, bater palma, mas não atendo ninguém. Não suporto a feiúra da casa.
Gente que desgosto! Minha casa é forrada com saco de adubo e tem um ninho de morcegos no quarto do meu pai, se não fossem os pesticidas fortíssimos, teria lacraias escorpiões, ratos, pernilongos, gambás e todas as espécies de bichos brejeiros.
O que me incomoda são os morcegos. Mamãe viu na televisão que naftalina era bom para espantar pestes, e comprou e espalhou por toda a casa. A casa que tinha um cheiro pestilento com a naftalina fedeu bosta, bosta pura. De inicio valeu a pena, os morcegos cataram o caminho de outra roça, mas devem ter encontrado um lugar tão ruim e voltaram para o quarto de papai. Então, mamãe comentou comigo, e se jogarmos amônia pura? Jogamos! Então a casa que já fedia a bosta, passou a ter um cheiro de urina choca com ovo podre, a combinação perfeita.
Tenho medo de morrer assim nesse lugar, de o trem passar e eu ficar no casebre sozinho e com frio. Realmente o tempo destrói tudo!
DEPOIMENTO ESCRITO POR RODRIGO SANTIAGO
Minha razão de viver
Eu amo minha vida!
Mas a arte pra mim não é um meio de vida.
Ela é a própria vida.
Interpreto o que gosto,
O que sinto no momento.
Não faço da tristeza uma profissão.
Quando estou no palco faço uma doação total de mim mesmo.
Quando interpreto, esqueço tudo:
Pai, mãe, família.
A arte me alimenta,
Conforta-me e me cura.
Se tiver que escolher entre:
Amor ou arte?
Fico com a arte,
Pois eu a amo, ela me ama,
E isso me basta.
Mas a arte pra mim não é um meio de vida.
Ela é a própria vida.
Interpreto o que gosto,
O que sinto no momento.
Não faço da tristeza uma profissão.
Quando estou no palco faço uma doação total de mim mesmo.
Quando interpreto, esqueço tudo:
Pai, mãe, família.
A arte me alimenta,
Conforta-me e me cura.
Se tiver que escolher entre:
Amor ou arte?
Fico com a arte,
Pois eu a amo, ela me ama,
E isso me basta.
