APRESENTAÇÃO

22 de Setembro ( Quarta - Feira)

"Mackeup - Um dia de Noiva"

Cia Os Mundanos - Penápolis

Horário: 23h
Local: Centro Cultural Dr. Bráulio Sammarco - Praça 9 de Julho, 150, Centro - Penápolis / SP
Classificação: 18 anos - Drama
Entrada gratuita

Estudos:

SUMÁRIO:

TEXTO 1: O Teatro e a cultura - Trecho do livro O TEATRO E SEU DUPLO - Antonin Artaud

TEXTO 2 - Bilhetes de suícidas - Trecho da tese


O TEATRO E A CULTURA


Nunca como neste momento, quando é a própria vida
que se vai, se falou tanto em civilização e cultura. E há
um estranho paralelismo entre esse esboroamento generalizado
da vida que está na base da desmoralização atual
e a preocupação com uma cultura que nunca coincidiu com
a vida e que é feita para reger a vida.
Antes de retornar à cultura, constato que o mundo tem
fome e que não se preocupa com a cultura; e que é de um
modo artificial que se pretende dirigir para a cultura pensamentos
voltados apenas para a fome.
O mais urgente não me parece tanto defender uma
cultura cuja existência nunca salvou qualquer ser humano
de ter fome e da preocupação de viver melhor, mas extrair,
daquilo que se chama cultura, idéias cuja força viva
é idêntica à da fome.
Acima de tudo precisamos viver e acreditar no que
nos faz viver e em que alguma coisa nos faz viver - e
aquilo que sai do interior misterioso de nós mesmos não
deve perpetuamente voltar sobre nós mesmos numa preocupação
grosseiramente digestiva.
Quero dizer que se todos nos importamos com comer
imediatamente, importa-nos ainda mais não desperdiçar
apenas na preocupação de comer imediatamente nossa
simples força de ter fome.
Se o signo da época é a confusão, vejo na base dessa
confusão uma ruptura entre as coisas e as palavras, as
idéias, os signos que são a representação dessas coisas.
O que falta, certamente, não são sistemas de pensamento;
sua quantidade e suas contradições caracterizam
nossa velha cultura européia e francesa; mas quando foi
que a vida, a nossa vida, foi afetada por esses sistemas?
Não diria que os sistemas filosóficos sejam coisas
para se aplicar direta e imediatamente; mas de duas, uma:
Ou esses sistemas estão em nós e estamos impregnados
por eles a ponto de viver deles, e então que importam
os livros? ou não estamos impregnados por eles, e nesse
caso não mereciam nos fazer viver; e, de todo modo, o
que importa que desapareçam?
É preciso insistir na idéia da cultura em ação e que
se torna em nós como que um novo órgão, uma espécie
de segundo espírito: e a civilização é cultura que se aplica
e que rege até nossas ações mais sutis, o espírito presente
nas coisas; e é artificial a separação entre a civilização
e a cultura, com o emprego de duas palavras para
significar uma mesma e idêntica ação.
Julga-se um civilizado pelo modo como se comporta
e ele pensa tal como se comporta; mas já quanto à
palavra civilizado há confusão; para todo o mundo, um
civilizado culto é um homem informado sobre sistemas e
que pensa em sistemas, em formas, em signos, em representações.
É um monstro no qual se desenvolveu até o absurdo
a faculdade que temos de extrair pensamentos de nossos
atos em vez de identificar nossos atos com nossos pensamentos.
Se falta enxofre à nossa vida, ou seja, se lhe falta
uma magia constante, é porque nos apraz contemplar nossos
atos e nos perder em considerações sobre as formas
sonhadas de nossos atos, em vez de sermos impulsionados
por eles.
E essa faculdade é exclusivamente humana. Diria
mesmo que é uma infecção do humano que nos estraga
idéias que deveriam permanecer divinas; pois, longe de
acreditar no sobrenatural, o divino inventado pelo homem,
penso que foi a intervenção milenar do homem que acabou
por nos corromper o divino.
Todas as nossas idéias sobre a vida devem ser retomadas
numa época em que nada adere mais à vida. E esta penosa
cisão é a causa de as coisas se vingarem, e a poesia que
não está mais em nós e que não conseguimos mais encontrar
nas coisas reaparece de repente, pelo lado mau das coisas;
nunca se viram tantos crimes, cuja gratuita estranheza
só se explica por nossa impotência para possuir a vida.
Se o teatro é feito para permitir que nossos recalques
adquiram vida, uma espécie de poesia atroz expressa-se
através dos atos estranhos em que as alterações do fato
de viver demonstram que a intensidade da vida está intacta
e que bastaria dirigi-la melhor.
Por mais que exijamos a magia, porém, no fundo temos
medo de uma vida que se desenvolvesse inteiramente
sob o signo da verdadeira magia.
É assim que nossa ausência enraizada de cultura espanta-
se diante de certas grandiosas anomalias e é assim
que, por exemplo, numa ilha sem qualquer contato com a
civilização atual, a simples passagem de um navio contendo
apenas pessoas sadias pode provocar o surgimento
de doenças desconhecidas nessa ilha e que são especialidade
de nossos países: zona, influenza, gripe, reumatismos,
sinusite, polineurite, etc, etc.
E, também, se achamos que os negros cheiram mal,
ignoramos que para tudo o que não é Europa somos nós,
brancos, que cheiramos mal. Eu diria mesmo que exalamos
um odor branco, branco assim como se pode falar
num "mal branco".
Assim como o ferro em brasa é ferro branco, pode-se
dizer que tudo o que é excessivo é branco; e, para um asiático,
a cor branca tornou-se a insígnia da mais extremada
decomposição.
Dito isso, pode-se começar a extrair uma idéia da
cultura, uma idéia que é antes de tudo um protesto.
Protesto contra o estreitamento insensato que se
impõe à idéia da cultura ao se reduzi-la a uma espécie de
inconcebível Panteão - o que resulta numa idolatria da
cultura, assim como as religiões idolatras põem os deuses
em seus Panteões.
Protesto contra a idéia separada que se faz da cultura,
como se de um lado estivesse a cultura e do outro a
vida; e como se a verdadeira cultura não fosse um meio
refinado de compreender e de exercer a vida.
Pode-se queimar a biblioteca de Alexandria. Acima
e além dos papiros, existem forças: a faculdade de reencontrá-las nos será tirada por algum tempo, mas não se
suprimirá a energia delas. E é bom que desapareçam algumas
facilidades exageradas e que certas formas caiam
no esquecimento; assim, a cultura sem espaço nem tempo,
e que nossa capacidade nervosa contém, ressurgirá com
maior energia. E é justo que de tempos em tempos se
produzam cataclismos que nos incitem a retornar à natureza,
isto é, a reencontrar a vida. O velho totemismo dos
animais, das pedras, dos objetos carregados de energia
fulminante, das roupas bestialmente impregnadas, em resumo
tudo o que serve para captar, dirigir e derivar forças
é, para nós, uma coisa morta da qual já não sabemos
extrair senão um proveito artístico e estático, um proveito
de fruidor e não um proveito de ator.
Ora, o totemismo é ator porque se mexe, e é feito
para atores; e toda verdadeira cultura apóia-se nos meios
bárbaros e primitivos do totemismo, cuja vida selvagem,
isto é, inteiramente espontânea, quero adorar.
O que nos fez perder a cultura foi nossa idéia ocidental
da arte e o proveito que tiramos dela. Arte e cultura
não podem andar juntas, contrariamente ao uso que se
faz delas universalmente!
A verdadeira cultura age por sua exaltação e sua força,
e o ideal europeu da arte visa lançar o espírito numa
atitude separada da força e que assiste à sua exaltação. É
uma idéia preguiçosa, inútil, e que, a curto prazo, engendra
a morte. Se as múltiplas voltas da Serpente Quetzalcoatl
são harmoniosas é porque expressam o equilíbrio e
os desvios de uma força adormecida; e a intensidade das
formas existe apenas para seduzir e captar uma força que,
na música, desperta um lancinante teclado.
Os deuses que dormem nos museus: o deus do Fogo
com seu incensador que lembra o tripé da Inquisição;
Tlaloc, um dos múltiplos deuses das Águas, com sua muralha
de granito verde; a Deusa Mãe das Águas, a Deusa
Mãe das Flores; a expressão imóvel e que ressoa, sob a
capa de várias camadas de água, da Deusa do vestido de
jade verde; a expressão arrebatada e bem-aventurada, o
rosto crepitando de aromas, em que os átomos do sol giram
em círculos, da Deusa Mãe das Flores; essa espécie de
servidão obrigatória de um mundo em que a pedra se
anima porque foi tocada como se deve, o mundo dos civilizados
orgânicos, quero dizer, cujos órgãos vitais também
saem de seu repouso, esse mundo humano penetra
em nós, participa da dança dos deuses, sem se voltar nem
olhar para trás sob pena de se tornar, como nós mesmos,
estátuas desagregadas.
No México, uma vez que se trata do México, não
existe arte e as coisas servem. E o mundo está em perpétua
exaltação.
À nossa idéia inerte e desinteressada da arte uma
cultura autêntica opõe uma idéia mágica e violentamente
egoísta, isto é, interessada. É que os mexicanos captam o
Manas, as forças que dormem em todas as formas e que
não podem surgir de uma contemplação das formas por
si sós, mas que surgem de uma identificação mágica com
essas formas. E os velhos Totens lá estão para apressar a
comunicação.
Quando tudo nos leva a dormir, olhando com olhos
atentos e conscientes, é difícil acordar e olhar como num
sonho, com olhos que não sabem mais para que servem e
cujo olhar está voltado para dentro.
É assim que aparece a idéia estranha de uma ação
desinteressada, mas que mesmo assim é ação, e mais violenta
por estar ao lado da tentação do repouso.
Toda verdadeira efígie tem sua sombra que a duplica;
e a arte sucumbe a partir do momento em que o escultor
que modela acredita liberar uma espécie de sombra cuja
existência dilacerará seu repouso.
Como toda cultura mágica vertida por hieróglifos
apropriados, também o verdadeiro teatro tem suas sombras;
e, de todas as linguagens e de todas as artes, é a única
a ainda ter sombras que romperam suas limitações. E
pode-se dizer que desde a origem elas não suportavam
limitações.
Nossa idéia petrificada do teatro vai ao encontro da
nossa idéia petrificada de uma cultura sem sombras em
que, para qualquer lado que se volte, nosso espírito só
encontra o vazio, ao passo que o espaço está cheio.
Mas o verdadeiro teatro, porque se mexe e porque se
serve de instrumentos vivos, continua a agitar sombras
nas quais a vida nunca deixou de fremir. O ator que não
refaz duas vezes o mesmo gesto, mas que faz gestos, se
mexe, e sem dúvida brutaliza formas, mas por trás dessas
formas, e através de sua destruição, ele alcança o que
sobrevive às formas e produz a continuação delas.
O teatro que não está em nada mas que se serve de
todas as linguagens - gestos, sons, palavras, fogo, gritos -
encontra-se exatamente no ponto em que o espírito precisa
de uma linguagem para produzir suas manifestações.
E a fixação do teatro numa linguagem - palavras escritas,
música, luzes, sons - indica sua perdição a curto
prazo, sendo que a escolha de uma determinada lingua
gem demonstra o gosto que se tem pelas facilidades dessa
linguagem; e o ressecamento da linguagem acompanha
sua limitação.
Para o teatro assim como para a cultura, a questão
continua sendo nomear e dirigir sombras; e o teatro, que
não se fixa na linguagem e nas formas, com isso destrói
as falsas sombras mas prepara o caminho para um outro
nascimento de sombras a cuja volta agrega-se o verdadeiro
espetáculo da vida.
Romper a linguagem para tocar na vida é fazer ou
refazer o teatro; e o importante é não acreditar que esse
ato deva permanecer sagrado, isto é, reservado. O importante
é crer que não é qualquer pessoa que pode fazê-lo,
e que para isso é preciso uma preparação.
Isto leva a rejeitar as limitações habituais do homem
e os poderes do homem e a tornar infinitas as fronteiras
do que chamamos realidade.
É preciso acreditar num sentido da vida renovado
pelo teatro, onde o homem impavidamente torna-se o senhor
daquilo que ainda não é, e o faz nascer. E tudo o
que não nasceu pode vir a nascer, contanto que não nos
contentemos em permanecer simples órgãos de registro.
Do mesmo modo, quando pronunciamos a palavra
vida, deve-se entender que não se trata da vida reconhecida
pelo exterior dos fatos, mas dessa espécie de centro
frágil e turbulento que as formas não alcançam. E, se é
que ainda existe algo de infernal e de verdadeiramente maldito
nestes tempos, é deter-se artisticamente em formas,
em vez de ser como supliciados que são queimados equeimados e
fazem sinais sobre suas fogueiras.





Texto 2 BILHETES DE SUÍCIDAS

RETIRADO DA TESE: AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO SUICIDADO NA TRAMA DA COMUNICAÇÃO; AUTORA: MARCIMEDES MARTINS DA SILVA

Textos usados na pesquisa de MAKEUP-UM DIA DE NOIVA.



Sexo, Idade : F, 20
Cor : Parda
Meio: Tiro na cabeça
Forma de mensagem: manuscrito a tinta esferográfica azul

"São Paulo 18 de julho de l988
Edu estou deixando esta carta para mostrar a você o que sinto e o que estou sentindo.
Edu são 2:15 hs da madrugada não consegui dormir um minuto se quer esta tudo doendo dentro de mim só em pensar que ti perdi de verdade.
Du porque você fingiu, porque você mentiu para mim este tempo todo. Du não estou agüentando mais, está sendo duro resistir esta dor tão grande que estou sentindo dentro de mim e por viver assim preferi morrer.
Edu quando lembrar-se de mim lembre-se que ti amei e amei de verdade"


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Sexo, Idade : F, 22
Cor : branca
Meio : precipitação em queda livre
Forma de mensagem: manuscrito
Obs: modelo

"Carlos
Eu precisava tanto falar contigo, pena, você não deixou. Vou morrer te amando. Eu te amo loucamente. Tudo o que fiz de errado, foi uma necessidade de estar com você outra vez.
Você não quiz me ouvir. Agora será impossível me ouvir outra vez. Eu te amo. Se tomei esta iniciativa foi simplesmente pelo fato de saber que nunca mais o teria de volta.
Por mim, peça desculpas à minha mãe. Diga a ela que eu a amo muito também porém não encontrei mais nenhuma existência para mim. Eu te amo, tudo o que fiz foi porque o amava demais. Tentei explicar isto à minha mãe: não se preocupe, será impossível te ligar outra vez.
(assinatura)
Eu, Márcia, dou meus olhos, meus cabelos e meu sangue a quem
precisar.
Juro estar dizendo a verdade, perante todos e a Deus.
(assinatura)
Sem ele não viver mais.
(assinatura)"

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Sexo, Idade : F, 27
Cor : (descendente de orientais)
Meio : projétil de arma de fogo
Forma de mensagem : carta manuscrita a tinta azul

"A quem possa interessar:
Grande parte do que possuía foi vendida ou doada. O que resta, é minha vontade que seja entregue ao meu amigo João; o qual poderá dar a meus pertences o destino que lhe aprouver.
Nada deverá ser entregue a qualquer parente meu.
Quanto aos meus restos mortais, suplico encarecidamente; não o torturem com choros, rezas ou velas. É apenas a minha matéria e imploro que a deixem degradando-se em paz. A putrefação não é degradante. Se a humanidade permitisse que a natureza tomasse o seu curso, seria o renascimento da matéria.
Eu renasceria no vento que passa a murmurar, nas folhas que farfalham, no solo que abriga e alimenta milhares de seres vivos, na água que corre para o mar nas chuvas que regam os campos, no orvalho que cintila ao luar, nas grandes árvores que abrigam ninhos de passarinhos e que vergam a passagem dos ventos fortes, nos pequenos arbustos que escondem a caça do caçador...
Céus! Eu me vingaria se apenas uma de minhas partículas participasse do desabrochar de uma flor ou do canto de um pássaro. Romântico? Não! Foi o mundo, minha família, meu educador mas principalmente... foi o seio que aconchegou a criança que vinha lhe contar as suas tristezas, máguas, alegrias, pensamentos, e seus desejos íntimos... suas esperanças. A criança crescida quer voltar para lhe contar seus sofrimentos, desilusões, a morte de suas esperanças... para encontrar novamente o aconchego onde poderá descansar sua cabeça cansada e abatida e onde poderá, enfim, chorar as suas lágrimas que não encontram onde chorar.
Volto derrotada porque não fui capaz de viver, trabalhar e estudar não foram suficientes para mim. E foi tudo o que me restou. Prefiro morrer do que viver com a morte dentro de mim.
Perdoem-me ..., ..., ..., "

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Sexo, Idade : F, 30
Cor : parda
Meio : enforcamento
Forma da mensagem : manuscrito a tinta esferográfica azul
Obs: deixou dois filhos

"Adeus para todos vocês
Angela"

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Sexo/Idade : F, 40
Cor : branca
Meio : vários tiros no marido e um na própria cabeça
Forma da mensagem: manuscrito a tinta esferográfica

"Matei porque não agüentava mais. Estou cansada e não vou deixar ele para ninguém não será meu más também não será de Claudete.
Carlos o documento está assinado na frasquera é só você passa o carro para o seu nome
té Adeus.

Maria

Amo vocés
mas estou morrendo aos pouco desde o dia que encontrei aquela mulher com ele no carro."

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Sexo/Idade : F, 60
Cor : branca
Meio : ingestão de inseticida e gás liquefeito de petróleo
Forma da mensagem : bilhete manuscrito com esferográfica azul

"Sofro demais, não aguento. Querida Joana não entre só: não choquem Antônio e Maria"


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Sexo/Idade : F, 64
Cor : branca
Meio : tiro
Forma da mensagem : manuscrito a tinta esferográfica azul
Obs: pessoa de posses, estrangeira

"Eu, Josefa, peço desculpas devido as minhas depressões nervosas pelo meu ato, tomado por mim mesma.
Peço às autoridades de não divulgar meu caso, que é uma decisão minha para meu descanso eterno, é meu desejo. Deus abençoe esta terra maravilhosa que é o Brasil. ‘Amem’ "

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Sexo/Idade : M, l5
Cor : (descendente de orientais)
Meio: tiro
Forma da mensagem : bilhete feito com tinta "guache" vermelha
Obs : suas vestes se compunham de uma jaqueta azul com as mangas cortadas, camiseta fantasia, rasgada na parte inferior, calça rasgada na altura dos joelhos, cuecas de malha e, com adornos, uma corrente com cadeado no pescoço, uma medalha e um parafuso na lapela. Os pés calçavam botinas. "Punk"

" "Mãe - eu não quero ser mais uma ovelha desse sistema (me faça um favor de me enterrar como estou)"

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Sexo/Idade : M, 20
Cor : (traços orientais)
Meio : ingestão de formicida
Forma da mensagem : manuscrito a tinta esferográfica

"São Paulo, 3 de janeiro de l988

Marisa

As palavras são as mesmas os motivos são os mesmos. Se lembra quando você me disse que eu sabia que você não gostava de mim e eu disse que não tinha certeza. Agora você diz que não sofre, mas eu sinto isto. E vou confiar no meu palpite. Não quero que sofra mais. Não sou um vencedor como você disse, pois minha única vitória é sua felicidade.
Faço isso pensando em mim, pois assim finalmente descanso.
Faço isso pensando nos outros, pois assim paro de perturbar os outros.
Assim creio agradar gregos e troianos.
Te amo muito. Cuide-se. Seja feliz.
(assinatura)

Favor avisar as seguintes pessoas:
a) .............. Fone ...........
b) .............. Fone ...........
c) .............. Fone ...........
d) .............. Fone ...........

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Sexo/Idade : M, 22
Cor : branca
Meio : ingestão de veneno
Forma da mensagem : escrito

“Essa atitude foi muito bem analisada e achei que a hora era essa. Não chorem por mim...
Deus é grandioso; eu espero poder ajoelhar-me em seus pés no dia do juízo final, pois sei que só assim serei perdoado e reintegrado com os meus.
Eu estou feliz, não chorem.
Tudo será mais belo.
Meus dias neste planeta chegaram ao fim. Estou contente.
Mãe eu te amo
Eu amo todos vocês
Não chorem
(assinatura) “

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"Rosemir você deve telefonar
............... Fone .........
(vizinha) Fone .........
............... Fone .........
Obrigado
(assinatura)
Eu possuo estes bens:
Cadern. Poupança n. ........... dia (3)
saldo ........
Cadern. Poupança n. ........... dia (l4)
saldo ........
Cadern. Poupança n. ........... dia (3)
saldo ........
O cheque n. ....... deve ser usado para cobrir parte das despesas, sendo que o restante deve sair das cadernetas de poupança
(assinatura)"
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"Veneno
Cuidado"
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"Música de Bach (Tocata e Fuga em R maior)
esta é a música do Chevrolet (opala)"


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Sexo/Idade : M, 27
Cor : branca
Meio :precipitação em queda livre
Forma da mensagem: manuscrito com tinta esferográfica azul na contracapa do livro "Sentinelas da Alma" da autoria de Francisco Cândido Xavier

"Querida Carla
Estou certo que encontrei em você um mundo cheio de luz e fraternidade humana. Sou como você mesmo disse, um espírito em evolução necessitando de tudo isso. Ao seu lado, estou certo que caminharei paralelamente à vida, a alegria que transbordou tanto em você.
Um grande beijo.
(assinatura)"

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Sexo/Idade : M, 28
Cor : branca
Meio : tiro no ouvido
Forma da mensagem: manuscrito a tinta esferográfica azul

"Sei que quando você ler este bilhete achará loucura o que está acontecendo, mas tudo é a síntese de uma árdua e solitária era para o ser humano.
Tentei transmitir amor, paz, compreensão, amizade, para um mundo que já se esqueceu de tudo isso. Sei que todos acharão covardia minha ter procurado a morte, porém não acho que desapareci e sim tento passar para um outro plano, talvez um lugar em que eu me encontre e não me sinta tão deslocado.
Não estou louco e sim decepcionado com a vida e outras pessoas. Quero que todos saibam que ninguém é culpado de ter tomador esta decisão fiz com consciência nas conseqüências.
A você José um forte abraço e obrigado por ser uma pessoa incrível. Logo todos se esquecerão de mim, portanto, não quero velório, flores, choro, mas sim uma cremação pura e simples e que minhas cinzas sejam jogadas em alto mar, pois não quero deixar marcas em um mundo que nunca me notou. Chega de palavras, pois estas também irão se perder com o tempo.

Adeus

(assinatura)

P.S. desculpe os erros de português.
Deixo para minha filha todos os meus pertences para que ela tenha sempre lembrança do pai que sempre a amou e que mesmo longe materialmente estará sempre ao seu lado espiritualmente
Cuidado, a arma é automática e pode disparar sem mais ou menos.
(assinatura)


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Sexo/Idade : M, 33
Cor : parda
Meio : facada no peito (ferimento perfuro-inciso) e, em seguida, enforcou-se
Forma da mensagem : manuscrito a tinta esferográfica
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"Isto é para Rodrigo todas as minhas ferramentas."
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"Creusa isto é para você e o meu amor primo." (frente da folha)
"Creuza você foi a mulher que me fez perder a minha família. Você não me deu o que eu quiz então eu lhe dou a minha vida.
Assinado: o dia D. vida D. amor D. passeio D. fim." (verso da folha)
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"Esta faca em meu corpo é para ser entregue a Doralice para cortar esta língua felina que também destruiu o meu casamento Amém
(assinatura) (manuscrito colado na faca)
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"Para Giane Deus te abençoe Es a minha bênção feliz praia pelo resto de tua vida Amém.
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"Isto é para João
(assinatura)" (manuscrito preso a uma tv)
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"Testamento: Minha mãe, você fez de tudo e conseguiu. Maria me de estudo para Rodrigo e tenha a tutela dele
(assinatura)
A minha parte na casa é de Rodrigo e uso e frutos de Creuza, Giane e Wanderlei portanto não deve ser vendida até os 21 anos de Rodrigo. Creuza o que eu mais queria na minha vida era filhos e você me tirou este prazer de um homem. Então para que ser homem Amém
(assinatura)"
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"Favor entregar, na garagem onde trabalhava, para os porteiros
(assinatura)"
(manuscrito sobre uma capa plástica amarela disposta em cima do fogão e sob uma fita cassete)
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"Creuza tenho fé em Deus que volto para te buscar?
Você e os filhos Amém minhas férias para que nenhum filho da puta tire barato deles Amém.”

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Sexo/Idade : M, 35
Cor : branca
Meio : ingestão de veneno
Forma da mensagem :
Obs : veterinário

"Sei que estou tendo uma atitude um tanto egoísta depois de tanto me ajudarem o único que não consegue se ajudar sou eu, sempre levei uma vida desarranjada sem zelo e amor por aquilo que fazia, chegou um momento que não consigo tocar mais a vida passei a ser um dependente e isso agora me incomoda, me perdoem vocês foram tão bons para comigo em especial o Alberto, Worer (?) e Lui que me falaram tantas palavras de carinho. No momento me sinto incapaz de conseguir desempenhar qualquer coisa só me passa pela cabeça esta idéia de morte fixa coisa que na clínica se tornou mais sólida. Deus aprendi que ele existe, sei que segundo a crença a gente sofre por aquilo que fez de errado vou pagar por isto. Nunca soube me dar e receber afetividade sou um tapado não consigo aprender fácil as coisas.”

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Sexo/Idade : M, 53
Cor : branca
Meio : ingestão de formicida
Forma da mensagem : manuscrito a tinta azul
Obs : suicídio em um hotel de baixa condição financeira

"Por favôr
Avissem o Deputado Dr. Raul.
Ele tomará as providências para avisar em São João da Boa Vista.
Assim, não ficarão esperando que eu apareça por lá, um dia qualquer.
Obrigado e
desculpem os transtornos.
(assinaturA

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Sexo/Idade : M, 56
Cor : branca
Meio : disparo de arma de fogo
Forma da mensagem : datilografada
Obs: carcereiro

"Dr. ou Dra.

1- Eu era alcoólatra
2- Fui internado três vezes
3- Estou em tratamento no serviço de Psiquiatria há sete anos.
4- Porem fazem cinco anos que eu parei de beber, não bebo bebida alcoólica nenhuma, mas nem cerveja.
5- Eu vinha bem durante esse tempo (os cinco anos) estava tomando o haldol e o fenergan.
6- Mas o ano passado (agosto ou setembro) tive uma pequena recaída, andava um pouco nervoso, dormindo pouco e tremia um pouco as mãos.
7- A médica trocou os remédios o haldol e o fenergan para o neozine de 100, mas o neozine de 100 me dá um pouco de sono há mais.
8- Agora eu tive esta recaída, mas não foi por causa da bebida, porque realmente fazem cinco anos que eu não bebo nada mesmo.”