los cerdes
Não entendo, nada faz sentido, me sinto culpada por poucas coisas entendem, é como se eu fosse duas pessoas ao mesmo tempo. Não pensem que artistas possuem compaixão pelas pessoas, que criam suas obras para ajudar os necessitados. Usamos a dor alheia para nosso triunfo no palco.
Nenhum de nós pode escolher o destino e nenhum de nós pode escapar dele. Imaginem um chamado tão forte que você dedica sua vida a ele. Acreditar em algo, crer que a vida tem um significado. Sou atriz, sou? Não pareço, mas sou. Estou alerta em todos os momentos. Luto para ser, e não para parecer. Tenho vertigens diárias e a constante fome de estar exposta num palco nu, sendo objeto de admiração, sendo vista por dentro cortada em pedaços, até mesmo eliminada.
Cada tom de voz uma mentira, cada gesto, falso. Cada sorriso uma careta. As vezes tenho vontade de cometer suicídio. Cometer suicídio? Nem pensar. Não sou desse tipo de atriz que se atira do 15° andar só pra ter mídia. A realidade é diabólica, a vida engana em todos os aspectos, fui forçada a reagir e ninguém pergunta se é real ou não? Se é um gesto sincero ou mentiroso? Não, Isso só é importante no teatro. Talvez nem nele. Minha apatia se tornou um papel fantástico. Acho que vou representar esse papel até o final de minha vida, até não ser mais interessante, então poderei partir para outro, esquecer, como esqueço todos os meus papéis.
(telefone toca, ela fica desesperada, olha para o público e serve feijoada durante a gravação)
La dePUTAda
Tenho um modo de vida alternativo, e proponho isso para as pessoas. Por isso meus amigos dizem que sou filosofa, mas na verdade sou bêbada, costumo dizer que basta virar vinte taças de vinho que todo mundo vira um Decartes.
Estou pensando até em me candidatar a deputado federal ou quem sabe a presidente ...
E quando eu for governanta deste país, implantarei minha filosofia de vida. Uma nova cultura de identificação, cuja comunidade viva o rito da intensidade sexual como credo religioso. A única regra será seguir os instintos carnais. Já sinto o cheiro de amor pairando sobre as cabeças, um país que sobreviva de sexo, um lugar onde os prazeres sejam mais fortes que os pudores, a timidez será substituída pela sacanagem e falta de vergonha. Haverá estudos científicos para dupla penetração mais fácil, e bolsas e auxílios em dinheiro incentivando ao sexo grupal. Assuntos sexuais serão considerados normais, e não discutiremos mais futebol, religião e política, mas apenas o sexo puro, genuíno, intenso.
Farei uma reforma também no setor educacional, práticas de sexo oral, anal e kama sutra, serão matérias obrigatórias a partir da primeira série do ensino fundamental. A alfabetização será em dose dupla, nas letras e na sacanagem. Tenho certeza que isso fará muito sucesso, pois as crianças têm uma facilidade enorme de aprender. Aulas de sexo serão tão naturais como aulas de inglês, natação. balé.
